Evento, que celebrou a nova etapa de governança, também discutiu cenário da mobilidade elétrica no Brasil.
A Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME) deu mais um importante passo em sua trajetória: em evento celebrado na manhã de hoje (5), o Instituto Clima e Sociedade (iCS) transferiu a gestão da plataforma para a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), que assume a coordenação executiva contando com uma equipe de profissionais de diferentes áreas, incluindo gestão, captação e advocacy. Além disso, a PNME passa a contar com apoio jurídico, de compras, prestação de contas, gestão de pessoas, entre outros serviços oferecidos pela Gestão de Projetos Fundep.
A nova governança foi apresentada durante o evento “A PNME e o contexto da mobilidade elétrica”, realizado online pelo canal da plataforma no YouTube, onde a íntegra está disponível para exibição.
Ao abrir o evento, o professor Jaime Arturo Ramírez, presidente da Fundep, destacou a importância da parceria que “visa ao aumento da inserção da mobilidade elétrica no País e à criação de competências e pesquisas nessa área tão importante para nossa sociedade”. Também participante da abertura, Adalberto Maluf, Secretário nacional do Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, destaca que a PNME “tem um grande potencial de integrar o que o governo vem planejando com a realidade da sociedade civil, da indústria e da academia. É difícil pensar políticas industriais sem a integração de todos esses atores e a PNME é um espaço que possibilita cumprir esse objetivo.”
Lembrando que a plataforma nasceu como “um projeto incubado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) em uma parceria com a GIZ – Cooperação Brasil-Alemanha para desenvolvimento sustentável” Marcel Martín, que fez no evento sua última participação como coordenador do Instituto Clima e Sociedade (iCS) [o especialista está assumindo um papel no Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT)] afirmou que a PNME passou por vários ciclos de coordenação “e, agora, é muito gratificante ver a Fundep fazer parte desse desafio, em um momento de alinhamento do governo com as políticas voltadas ao clima”, afirmou. “Com a nova governança, o iCS mantém-se como parceiro e financiador, e reforça o compromisso de continuar apoiando a plataforma”, completa.
Nova governança continua valorizando o coletivo
A coordenação executiva da PNME, que será ocupada por Janayna Bhering, gerente de Prospecção e Oportunidades da Fundep, terá apoio de grupo de “embaixadores da PNME”, sendo eles: Marcel Martin, do ICCT,Flávia Consoni, professora do Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp; Edgar Barassa, que atua nas áreas de mobilidade elétrica, energias renováveis e tecnologias emergentes verdes de baixo carbono; Silvia Barcik, executiva na indústria da mobilidade e Marcus Regis, gestor de projetos de cooperação internacional e um dos criadores da PNME.
Janayna Bhering destaca que uma das expertises da Fundep “é a de agregar as competências necessárias, ser um elo conector entre os diferentes atores e realizar uma gestão transparente. Atuaremos, de uma maneira articulada, diversas discussões técnicas, articulação governamental e captação continua de recursos para o desenvolvimento de projetos” .
A PNME agrega mais de 30 instituições do governo, indústria, sociedade civil e academia que, motivados pela necessidade de um espaço comum para a promoção da mobilidade elétrica no Brasil, se reuniram em 2019 para debater objetivos, riscos, atores, estrutura e outros elementos necessários para a estruturação da PNME.
Vetor de transformação e diversidade
Ao relembrar a criação da PNME, Marcus Regis, afirmou que a principal conquista até aqui foi ver a evolução da própria plataforma. “A PNME nasceu de uma conversa, com uma contribuição coletiva, em uma época que a questão da mobilidade elétrica ainda era complexa no País. Além disso, a plataforma não só sobreviveu a uma pandemia como também cresceu muito durante esse período, então é importante salientar todo o resultado desse esforço”, completa.
Com 25 anos de experiência na mobilidade elétrica, Silvia Barcik entende que um dos grandes avanços da PNME foi a “possibilidade de construir, de forma coletiva, saberes e gerar uma maior integração de diferentes tipos de instituições e ecossistemas”. Além disso, a executiva destaca a plataforma como vetor de transformação de diversidade. “Sabemos que o cenário da mobilidade ainda é bastante masculino. Então pode estar aqui, ocupando esse lugar de embaixadora, e ver a participação de outras mulheres também é muito gratificante”.
Contexto da mobilidade elétrica no País ainda é um desafio
A busca pela mobilidade elétrica e sustentável é crescente no País, mas ainda sim um desafio. “O principal ponto que é preciso desenvolver para os próximos anos é a construção de uma estratégia nacional de mobilidade. Atualmente não há esse tipo de documento, que é fundamental para nortear futuras ações”, apontou Edgar Barassa.
“Além disso, A mobilidade elétrica não enfrenta somente desafios técnicos, como o de mercado, mas também desafios de concepção e atuação. É um tema que influencia a vida das pessoas, na saúde e na economia, então é preciso que esses atores também integrem as discussões”, completa.
Institucionalização e expertise são fundamentais para a parceria
Os embaixadores destacaram que a transferência da coordenação para a Fundep é mais um dos importantes passos para o crescimento e desenvolvimento da plataforma.
Além da grande capacidade, em termos de pessoal e captação de recursos, “com a Fundep estamos ganhando uma expertise e institucionalização valiosa. Podemos contar com recursos mais fixos nessa gestão, que possibilitarão estruturar melhor nossas ações e dar mais velocidade nas frentes de atuação da PNME ”, completa Flávia Consoni.
Marcus Regis também observa a importância dessa institucionalização, salientando que a plataforma nasceu de um projeto e que esse modelo de estruturação “tem começo, meio e fim, com entregas e prazos determinados. Isso foi muito bom para o início da PNME, mas ela cresceu e amadureceu e por isso precisa de uma nova ‘casa’, e foi isso que vimos na Fundep”.
Edgar Barassa acredita que a experiência da Fundação no setor de eletrificação no Brasil, do que é exemplo a coordenação, pelo programa Rota 2030, das linhas IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas; V – Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão; e VI – Estímulo à Produção de Tecnologias Relacionadas à Conectividade Veicular, também é muito positiva para o desenvolvimento da PNME.
“A Fundep já conhece a estrutura da PNME e, com toda sua expertise e por estar dentro de uma Universidade, essa parceria vai contribuir muito para os próximos passos da plataforma e da mobilidade elétrica no País.”