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A alternativa viável aos combustíveis fósseis - PNME

A alternativa viável aos combustíveis fósseis

Por Guilherme de Castro

Publicação recente da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME) aponta que a mobilidade elétrica, em todas as suas expressões, é a alternativa mais viável aos meios de transporte movidos a combustão. Seja em nome da segurança energética nacional, do atendimento a demandas internacionais da agenda ambiental, danos colaterais de saúde pública, da criação de uma nova cadeia de valor ou da modernização do sistema de transporte público, é possível pensar a eletrificação dos meios de transporte como parte da política de desenvolvimento do Brasil.

O Anuário realizado pela Barassa & Cruz Consulting, a pedido da PNME, mostra que, embora a tecnologia não seja tão recente, tendo sido desenvolvida junto com o movimento de disseminação dos motores à combustão na década de 20 do século passado, sua recente reinserção nas agendas de inovação de diversos países deve ser considerada pelo Brasil. Para os autores, os principais fatores que condicionam esse reavivamento desta tecnologia são os impactos causados pelos veículos à combustão na saúde e no meio ambiente. Além desses fatores, a necessidade de garantir a segurança energética, a inserção do Brasil em novas cadeias de inovação e a modernização do transporte são argumentos favoráveis à eletrificação do transporte.

Desde a primeira crise do petróleo, em 1973, os países vêm procurando alternativas aos combustíveis fósseis. A insegurança gerada pelo episódio alertou as nações para a dependência de fontes de energia não renovável, provocando um movimento de diversificação das matrizes energéticas. Garantir uma segurança energética mínima, isto é, evitar a vulnerabilidade do abastecimento de energia do país, é fundamental para a manutenção da vida humana, sobretudo no século XXI.  Dessa forma, motores elétricos, à medida que podem ser alimentados por quaisquer fontes de energia, contribuem para a garantia da segurança energética, pois, independente da fonte, são capazes de manter as atividades essenciais dos países.

A publicação ainda aponta para a necessidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), medida aceita pelo Brasil no Acordo de Paris, tratado estabelecido no âmbito da 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21). Desde a definição do conceito de desenvolvimento sustentável, pelo relatório “Nosso futuro comum”, a sustentabilidade ambiental está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento econômico.  Para tanto, os países vêm adotando metas de redução de emissões de GEE a fim de conter o aquecimento global. O Brasil, por exemplo, se comprometeu a reduzir, até 2025, 37% de suas emissões em relação a 2005. Para tanto, a mobilidade elétrica possui um papel chave no atendimento dessas exigências, especialmente porque o setor de transporte respondeu, em 2017, por cerca de um quarto do total das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2).

Essa imensa quantidade de poluentes forma partículas finas, conhecidas como Material Particulado (MP), que penetram nos pulmões por meio de vias aéreas e, consequentemente, no sistema sanguíneo causando doenças respiratórias e cardiovasculares. O Anuário traz dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que afirma que mais da metade da população urbana mundial está exposta a uma poluição atmosférica pelo menos 2,5 vezes maior do que os padrões de segurança recomendados pela instituição, causando milhões de mortes por poluição. Dessa forma, os autores concluem que “a adoção da mobilidade elétrica pode ser uma das chaves de sucesso para a mitigação desses índices, resultando em melhor qualidade do ar para a maior parte da população”.

Além dessas questões mais urgentes, a adoção da mobilidade elétrica pode inserir o Brasil às novas cadeias de inovação tecnológica e de valor, fazendo do país um protagonista do que alguns chamam de “Quarta Revolução Industrial”. Com isso, o setor possibilita a geração de novos modelos de negócio, a criação de postos de trabalho e de novos serviços e produtos – uma cadeia de suprimentos totalmente inovadora. A eletrificação do transporte pode, inclusive, modernizar o sistema de transporte público nacional. A urbanização intensa verificada no Brasil desde o final da ditadura militar não foi acompanhada de perto pela modernização do sistema de transporte público, o que gerou cada vez mais congestionamento, ruídos e poluição. A adoção da mobilidade elétrica, portanto, é capaz de suprir essa demanda de cidades cada vez maiores.

Em suma, a publicação afirma que existem vários e diferentes motivos que corroboram para o desenvolvimento da mobilidade elétrica. “Essa discussão é importante não somente no âmbito do Estado enquanto ente regulador, promotor e gerenciador de políticas que viabilizem a mobilidade elétrica, mas também é fundamental que seja apresentada e realizada com a participação da iniciativa privada, que têm um papel importante para o sucesso da adoção destas novas tecnologias”, concluíram os autores.

Para ter acesso ao Anuário, clique aqui.

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